6 de abr. de 2009

Observações do tempo presente

Quando eu era adolescente, computador era artigo de luxo presente apenas na casa dos mais abonados, donos de carrões e gordas contas bancárias. Hoje a maioria das casas tem um computador equipado com internet e todos os programas necessários para baixar vídeos, músicas, fotos, jogos e tudo o mais o que se deseja.

Os programas de comunicação são inúmeros e surgem a todo o momento com o objetivo de aproximar as pessoas na esfera virtual. Jovens adultos como eu demoraram um pouco para se adaptar a esse novo mecanismo, mas uma vez acostumados, um abraço!

Agora que essa linguagem faz parte do nosso cotidiano, um dia sem ela é caos na Terra. E aí fica a reflexão: mas como pode isso? Há bem pouco tempo eu nem imaginava o que era um e-mail e agora se não checo os meus pelo menos três vezes ao dia sinto que posso estar perdendo algo muito importante.

O mesmo acontece com o celular, que hoje virou artigo de primeira necessidade para todos os mortais acima dos 10 anos de idade. Quando alguém diz que não tem um celular ou não faz parte dos sites de relacionamento as pessoas estranham, ele é considerado “fora da atualidade”. Mas até que ponto isso é verdade?

Fazendo uma autocrítica, creio que hoje quem consegue se livrar desses mecanismos tecnológicos e levar uma vida longe de tais amarras é mesmo um vanguardista. Esses poucos indivíduos que vencem o tabu da pós-modernidade e se esquivam dos padrões tidos como “antenados” estão um passo a frente de todos nós.

Ao abrir mão da dependência da tecnologia, essas pessoas se permitem viver uma vida mais simples, com mais contato direto com os amigos, conhecidos, colegas e desconhecido. Têm mais tempo para simplesmente não ser encontrado e poder se dedicar a uma boa caminhada ou a leitura de um livro sem que o celular toque incessantemente, sem que alguém possa encontrá-lo com um problema gravíssimo (que geralmente é resolvido em cinco segundos) e furtá-lo daquele instante mágico de uma solidão previamente programada.


O mundo pós-moderno virou novamente uma aldeia e nem se deu conta disso. Uma vez na grande rede de comunicação que se popularizou especialmente no Brasil o indivíduo é colocado em uma vitrine virtual onde todos os seus passos podem ser acompanhados por qualquer pessoa. Seja uma frase colocada no MSN ou uma foto postada no Orkut. Tudo é exposto na internet e a gente se engana dizendo que gosta de privacidade.

Gosta nada... sob o pretexto de querer encontrar e/ou conhecer pessoas, a gente se expõe e fica ali a mercê de fofocas, de mal-entendidos. O fato é que o ser humano, em especial o brasileiro, é um ser gregário por natureza e tudo o que nos proporciona reunir mais e mais pessoas é facilmente adaptado ao nosso cotidiano.

Se isso é bom ou mau eu ainda não sei. Não vim ao mundo para julgar. Já diria Zuenir Ventura que o jornalista está aqui para ser “testemunha do seu tempo” e não para tirar conclusões, prender ou condenar. Sendo assim, recolho-me ao meu papel de observadora da vida e continuo usando esses mecanismos para observar e ser observada. Quem sabe um dia, tanta observação não me leva a algum lugar??