18 de mar. de 2009

(In)dependência moderna

Antigamente as mulheres eram criadas para serem esposas e mães. Ao longo da vida aprendiam a lavar, passar, cozinhar, ser tolerante, arrumar a casa, ser uma esposa para o marido, uma boa mãe para os filhos. Aos homens cabia o papel de prover a família através de seu trabalho.

Acontece que essas mesmas mulheres se cansaram dessa rotina monótona e lá pelas tantas foram para a praça queimar sutiãs, exigir seus direito e lutar por um lugar no mercado de trabalho. Educaram suas filhas para estudar, fazer faculdade, ter uma profissão que as livrassem da terrível dependência masculina.

E assim foi. Essas meninas fizeram faculdade, estudaram inglês, fizeram ballet, foram trabalhar, fizeram pós-graduação, se especializaram o máximo que puderam, conquistaram um bom emprego, independência financeira e... foram morar sozinhas.

E aí começou o problema. As lindas profissionais gabaritadas, poliglotas e muito safas na vida pessoal mal sabiam pegar no cabo de uma vassoura. Ok, elas têm um emprego, mas o salário está longe de permitir luxos como uma empregada doméstica (vivemos no Brasil, baby!). E ainda que permitisse: como ensinar o que não se sabe fazer?

E aí, vem a novela das oito nos brindar com hábitos de uma cultura diferente e a mulherada nacional diz que é um absurdo essas mulheres viverem exclusivamente para seus maridos. E bate no peito para dizer que não sabe nem fritar um ovo, que passa longe de faxina etc., etc., etc.

Acontece que a cozinha é um lugar que toda mulher moderna deveria conhecer. Se não para cozinhar para marido e filhos, que seja para cozinhar para si mesma. Afinal, até para se fazer uma saladinha com uma carne grelhada é preciso ter algum conhecimento de temperos e panelas.

Depois de décadas de uma submissão cega ao sexo oposto, as mulheres passaram a acreditar que independência é uma questão meramente financeira e não é. Ser independente é poder manter uma casa pagando todas as contas de aluguel, luz, condomínio, telefone, internet mais as despesas pessoais com alimentação, médico e remédio, sim.

Mas não é independente aquela que faz tudo isso, mas almoça na casa dos pais, leva a roupa suja para a mãe lavar toda semana e só vê um sinal de organização na casa depois da visita materna. A mulher ou o homem (sim, meu bem, os homens estão no mesmo bojo) que vive nessas condições continua sendo um dependente da família.

Num mundo moderno e sem fronteiras, homens e mulheres devem ser independentes em todos os sentidos. Financeiros, emocionais e práticos. Um representante do sexo masculino que se diz independente deve saber lavar, passar e, pelo menos, se virar na cozinha.

Os homens quando saíam de casa, passavam por esse aperto de não saber se virar longe da mamãe, mas essa “ignorância doméstica” era permitida para eles. Para as mulheres, não. Esse é um valor que, bem ou mal, ainda prevalece na cabeça da maioria das pessoas que se esquece de que as mulheres de hoje foram preparadas para serem homens de saias. As diferenças entre os sexos deixaram de ser respeitadas no que diz respeito à educação.

Passamos por uma crise de valores e ninguém percebeu. Ou se percebeu, ignorou. As mulheres frutos da geração “nós somos iguais a eles” devem lembrar que cuidar da casa é tão importante quanto ganhar dinheiro porque ninguém vive num chiqueiro e não há organismo (nem conta bancária) que resista a sanduíche todos os dias.

Ao contrário do que possa parecer, não sou uma machista retrógrada. Muito pelo contrário. Acho que essa cultura que obriga o homem a dar o sustento da família e a mulher a cuidar do lar é extremamente ultrapassada. O que defendo aqui é o direito (para não dizer o dever) de homens e mulheres se virarem sozinhos em uma casa. E que, quando casados, dividam todas as tarefas.

E quando eu digo todas, são todas mesmo, desde as contas até as louças empilhadas na pia. Isso, sim, é ser moderno, isso, sim, é ser igual. Só dessa forma as diferenças são respeitadas e o serviço dentro e fora de casa não pesa para nenhum dos lados.

Repetir velhos padrões ou abandoná-los de vez são atitudes muito radicais que só servem para mostrar a falta de preparo de homens nem mulheres para serem realmente independentes como tanto querem.