31 de mar. de 2009

Jornalismo em pauta

Na próxima quarta-feira, dia 1º de abril, o futuro da sociedade será definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Se esta afirmação lhe parece exagerada, é bom que saiba que nesta data estará em julgamento o Recurso Extraordinário que questiona a exigência do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão.




É isso mesmo. Há no País quem acredite que não é preciso um diploma para exercer a função de jornalista. O que baseia o discurso contra a exigência do diploma é o fato de que, de acordo com a Constituição de 1988, todo indivíduo tem o direito de expressar a sua opinião.

O que acontece é uma confusão de conceitos. Claro que cada um de nós pode emitir opinião sobre o que quer que seja, mas isso não é jornalismo. Aliás, muito pelo contrário. O que só os bancos da faculdade ensinam é que o jornalismo sério e de qualidade só é exercido de verdade quando tem a imparcialidade e a objetividade como meta.

O que isso quer dizer? Que a subjetividade deve passar longe das matérias informativas. Concordo que para escrever crônicas e artigos boa cultura, senso crítico e talento para escrever bastam, mas para apurar os fatos, hierarquizá-los e transformá-los em um texto que atraia o leitor, telespectador ou internauta é uma tarefa que vai além de talento. É preciso, sim, passar por uma formação específica para se entender a dinâmica da profissão.

O jornalismo é uma área vasta, não existe uma regra única para se trabalhar em televisão, rádio, jornal impresso ou hipermídia. Cada veículo tem as suas peculiaridades e uma linguagem específica. È preciso mais do que conhecimento técnico para transitar em cada um desses universos com habilidades.

Nem só da vida acadêmica se faz um bom jornalista, mas é ela quem dá a base para todo o resto. Se não é justo que aqueles que exercem a profissão sem diploma percam seus direitos, também não é correto que os que passaram por anos de faculdade, que investiram tempo e dinheiro não sejam valorizados por isso.

Ao contrário do que pode parecer, jornalismo é coisa séria. Tem influência direta na vida das pessoas e não pode ser encarado como uma brincadeira. Uma informação errada ou mal apurada pode destruir a vida de uma pessoa. Se com diploma os erros não deixam de acontecer, não dá nem para imaginar o que pode acontecer sem ele.

É na Academia que o aspirante a jornalista aprende a real noção de sua importância na sociedade, a seriedade da profissão que escolheu e, depois de quatro ou cinco anos jura, com todo orgulho e consciência:

“Juro, no exercício das funções de meu grau, assumir meu compromisso com a verdade e com a informação. Juro empenhar todos os meus atos e palavras, meus esforços e meus conhecimentos para a construção de uma nação consciente de sua história e de sua capacidade. Juro, no exercício de meu dever profissional, não omitir, não mentir e não distorcer informações, não manipular dados e, acima de tudo, não subordinar em favor de interesses pessoais o direito do cidadão à informação.”

Sem as teorias e normas profissionais aprendidas na faculdade, todo o talento do mundo é incapaz de entender de verdade a importância dessas palavras.

*Arte: site da Fenaj